terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Pensei que estava só

Algum dia você já se deparou como um náufrago em uma ilha deserta? De repente você não está em uma situação igual, mas, quem sabe não está ilhado dentro de você mesmo, curtindo uma solidão em meio à multidão. Se esse é o seu caso, ou se você conhece alguém vivendo um momento assim, acompanhe o que a Bíblia tem para lhe dizer: Ela nada diz a respeito de alguém náufrago em uma ilha deserta, mas conta a história de um homem que se sentiu só dentro de uma caverna. Este homem, porém, antes de ir para lá, desfrutara de momentos de muita proximidade com Deus, tão íntima e profunda era sua comunhão com o Criador que em um dado momento da sua vida, em resposta a uma oração até fogo desceu do céu. A essas alturas você já deve ter descoberto quem é o personagem desta história. É ele mesmo, o profeta Elias!Jezabel tinha introduzido deuses pagãos na vida religiosa de Israel, que foram aceitos pelo povo. Para agradar sua mulher, Acabe, deu-lhe autoridade sobre assuntos religiosos, e mandou construir ídolos e templos aos deuses dela. Acabe igualou o culto a Baal ao culto a Jeová, então, Deus enviou Elias “o tisbita”. O profeta destemidamente denunciou o pecado que todos haviam cometido, abandonando a Jeová. Por causa da sua pregação, por haver destruído os falsos profetas de Baal e de Asera, Jezabel decidiu matá-lo. Diante disso, Elias fugiu para o deserto, indo esconder-se em uma caverna (1 Rs 19.1-9). Lá estava o “profeta de fogo”, triste, desanimado e deprimido, sem ninguém para compartilhar aquele momento difícil pelo qual estava passando. Deus, que tudo vê, esteve atento a todos os passos dado pelo profeta, viu perfeitamente quando o mesmo entrou na caverna sem nenhuma expectativa de vida, sem ninguém para dialogar, sem ninguém para desabafar, então, entra em cena para resolver a solidão de Elias. A primeira providência que tomou foi Ele mesmo revelar-se ao profeta, ele precisava, em primeiro lugar, saber que Deus não o havia deixado só. A prova disso se deu na escuridão da caverna, Ele fez soar Sua voz “mansa e delicada” (1 Rs 19.12). Este Deus que servimos tem prazer em comunicar-se com os seus. Nós é que muitas vezes nos distanciamos dEle. Talvez, desanimado em vista da perseguição, Elias se esquecera de orar, ficando assim, por algum tempo desligado da comunhão com Deus, razão pela qual entrou em depressão. O momento realmente era difícil para o profeta, porém, Deus veio em seu auxílio e lhe revelou Sua aconchegante presença. Oh! Quão maravilhosa é a presença de Deus! (Veja o hino 194 da Harpa Cristã, principalmente a segunda estrofe). Não podemos abrir mão da nossa comunhão com Ele, como escreveu o apóstolo São João (Ver 1 Jo 1.1-4). E para isso não acontecer, precisamos manter viva nossa ligação através da oração e da meditação em sua Palavra (Js 1.7-9). A consciência da presença de Deus em nossos corações é o primeiro passo para vencermos a solidão. O segundo passo é a atividade espiritual. Deus não aprovou as lamentações de Elias, antes lhe deu ordens para voltar pelo caminho por onde havia iniciado sua fuga a fim de realizar algumas tarefas importantes, tais como: Ungir Jeú, Hazael e Eliseu profeta em seu lugar (1 Rs 19.15,16). A solidão nos faz queixosos e murmuradores, mas quando estamos ocupados realizando a vontade de Deus, podemos sentir Sua presença e Sua aprovação dentro de nós. A própria Bíblia diz: “... sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor” (Rm 12.11c). Elias sentia-se sozinho, sem saber que Deus havia-lhe reservado companhia. O terceiro passo se encontra no versículo 18 do capítulo em apreço: “Também reservei em Israel 7.000 – todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que não o beijou”. (1 Rs 19.18). O que Deus estava querendo dizer a Elias revelando-lhe sobre os sete mil joelhos que não haviam se dobrado diante de Baal? Que saísse da caverna e fosse se juntar a outros que também amavam o mesmo Deus a quem Ele amava. Deus sabia que quando Elias encontrasse outros com a mesma fé e o mesmo amor, haveria uma aproximação e uma comunhão tão grande e profunda, que iria dissipar a solidão sofrida por ele, enquanto estava na caverna.Muitos se entregam à solidão porque não querem empregar seu tempo nem se dar ao trabalho de encontrar uma oportunidade de comunhão com aqueles que compartilham a mesma fé e o mesmo amor de Deus. Este é o terceiro passo para vencer a solidão: Manter comunhão com os que amam o Senhor. O mundo tem aproximadamente 6 bilhões de habitantes, a população dos Estados Unidos da América deve girar em torno de 250 milhões de habitantes, nossa comunidade está beirando os 500 mil só aqui no Sul da Flórida. Você faz parte de todo este contexto, não há necessidade de ficar ilhado. A revista veja publicou a algum tempo atrás uma reportagem sobre a solidão, revelando dados impressionantes: “No Brasil, diz a Veja, 9% dos lares já são compostos de pessoas que moram sozinhas. Elas se dizem felizes, mas ninguém gosta de se imaginar solitário para sempre. A tendência a viver sozinho é mundial. Alguns dos países campeões de domicílios ocupados por uma só pessoa são: Suécia, com 4%; Dinamarca, 36 %; Inglaterra, 35%; Alemanha, 30%; França, 30 %; Estados Unidos 26 %. Para evitar a solidão, há os que têm bichos de estimação. Outros têm se dedicado ao diálogo virtual - a internet está “roubando” a vida de muitas pessoas. Segundo os especialistas na área, a solidão força a pessoa a conviver consigo mesma dentro de um quadro de introspecção que pode tornar-se insuportavelmente sufocante. As estatísticas comprovam que a solidão é a causa de muitos suicídios. Muitos recursos paliativos estão sendo buscados por pessoas que sofrem desse mal, dentre eles, destacam-se: “personal trainers”, salões de beleza, spas, cursos, terapias alternativas, etc.” Este é o mundo onde vivemos, mas não é este o mundo que Deus quer que você viva. A Bíblia diz: “Melhor é serem dois do que um... porque se um cair, o outro o levanta o seu companheiro; mais ai do que estiver só...” (Ec 4.9,10). Ainda: “Deus faz com que o solitário viva em família...” (Sl 68.6). Você é parte da família de Deus (Ver Ef 2.19). Sim, Deus, preparou uma família e a chamou de Igreja, Paulo falou dela como o mistério que “desde os séculos esteve oculto em Deus” (Ef 3.9). É nela e através dela que você pode nutrir e manter sua comunhão com Deus e com os irmãos. Talvez, por estar vivendo em um país visivelmente individualista, tenha sido apanhado(a) sem querer pela síndrome do sentir-se sozinho(a) em meio à multidão. Longe da família, dos parentes e da pátria, se sente desolado(a), fazendo do seu quarto, da sua casa ou do seu trabalho a sua “caverna” e quem sabe está neste exato momento queixando-se de solidão.Se este, por exemplo, for o seu caso, ou se você sabe de alguém que esteja passando por semelhante situação, convido-te a dar uma olhadinha para dentro de você:Vimos a pouco que o primeiro passo para a comunhão com Deus é a consciência da Sua presença em nós e conosco. Deus está presente! Ele nunca te deixa só, por mais difícil que seja a sua jornada, Sua presença está assegurada de acordo com o salmista: “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra e da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo...” (Sl 23.4). Além de ter consciência da presença de Deus, você precisa estar ativo(a) em Sua obra.Outro ponto importante para a manutenção da comunhão é você relacionar-se com aqueles a quem Deus ama. Lembre-se, Deus nos fez seres gregários para vivermos unidos e em harmonia uns com os outros. Não importa o quão diverso possa ser nosso universo, o importante é mantermos a unidade dentro da diversidade. Somos muitos membros, mas um só corpo. Pertencemos à mesma família e somos filhos do mesmo Pai – Deus, portanto, não há razão para viver a síndrome da solidão em meio à multidão.

Um comentário:

Marlene Maravilha disse...

Por mais que saibamos, sempre é edificante ler ou ouvir uma mensagem desta.
Gostei muito!!
Abracos